O dia em que resolvir viver.

Como sei que sou eu se o que me mantém não satisfaz. Tenho vários personagens escondidos num baú velho. O baú fica no fundo do armário, é... Lá mesmo, eu guardo todos os meus segredos. Meu amigo, diga-me a verdade? Eu te odeio!

Olha aqui, eu estou sem vontade de fazer isso. Não vou mais me submeter ao insuportável. Não quero saber de politicagem e nem de falsidade. Tudo isso me corrói. Não fui criado para viver nesse tipo de mundo. Apesar de só existir isso no mundo. Entrego todos os meus cargos. Tudo o que tenho, objetos, coisas, e materiais. Desisto da briga, odeio essa briga! Brigar por algo que nos destrói. Tudo sem acento, sem sentido. Raiva! Mãe, não sou igual a você. Pai, eu sou assim mesmo.

Perdão meus amigos e parentes. Vou embora em paz. Depois de todos esses anos eu ainda não conseguir esquecer os tempos de turbulência. É difícil de sentir, mas eu ainda consigo respirar. Ainda sei copiar. E sou um completo farsante. Um ignorante tentando ser gente. Deixe-me ir. Lá é bem frio, eu estou levando um casaco. Não se preocupe, é lá mesmo o meu lugar. Um dia quem sabe a gente se vê. Um dia eu volto para fazer uma visita.

Esse é o dia em que resolvi viver. É o dia em que me senti livre para sofrer sozinho. Estou envolvido em tecido de seda. Leve, puro e confortável.

Assim é mais fácil de se matar. Rápido e mortal. Como uma faca cortando o pescoço da cabra. Como um menino chorando por ver aquela cena. A vida é sempre confusa, sempre triste.