Como uma despedida sórdida, abraço meu último suspiro para entregar a sorte de uma vida nas roletas de aço. Tiro toda minha dor com um só sopro de ar. Aquela que te acompanha por toda a eternidade e que quanto mais se esforça para levantar mais profunda é a queda. Agora nessa hora final penso em todas as coisas que fiz, e vejo que não fiz nada. Ninguém saiu satisfeito com minhas atitudes e ninguém saiu feliz com minhas obras. Em um prato desesperado o papel já não faz sentido nessa jornada e excluo-o da mesa de madeira. Muitos tentaram e falharam, muitos arriscaram e acertaram. Esse é o dilema de uma dura decisão tomada as pressas para corrigir uma monção. Acredito que tudo faz parte da jornada e já não vejo sentido em estar nela. Não sinto que realmente vale à pena estar nesse lugar. Não vejo sentido em ficar em um lugar no fim de sua própria existência. Um lugar que já não tem mais vida e nem alegria. Num lugar que, em muitas vezes, sua melhor característica é nada, e nada é mais importante que uma vida. A notícia só é importante quando existe gente morta, porque será que um animal não tem essa mesma importância?
Acho que sou doente, mas... O que tenho? Não sei! Vivo em um mundo que ser vivo já não basta, tem que ser perfeito, ou melhor, robô. Não tenho mais intenções de mudar o mundo com minha visão infantil. Do meu próprio quarto já vejo que não vale a pena, ninguém quer que isso aconteça. Ninguém pensa mais no coletivo, a lei agora é cada um por si e sua religião por todos. Deus, ele nunca existiu, uma imaturidade da humanidade. Jesus, um ser extraordinário saído diretamente da cabeça de um ser comum. Só mais uma criação do imaginário humano. Então porque nos agarrar ao nada? Nada é mais importante que comer bem. Prefiro dar meus pertences ao nada religioso do que o nada que passa fome na esquina. Prefiro ver uma pessoa morrer a ver uma pessoa ganhar. São pensamentos que me deixam doente. E cada vez mais percebo que não vale a pena viver nesse estado baixo. Somos capazes que coisas tão lindas, mas ao mesmo tempo destruímos tudo o que já teve valor sentimental.
Minha caminhada já está no fim, já não tem mais valor. Meus passos cansados e doloridos já não agüentam carregar um corpo morto. Uma mente vazia, cheia de bosta, completamente incapaz de acordar. E de errado já basta o mundo, imagina eu?
Testemunho agora a exclusão de um maníaco por nada, um suspeito de um crime, incapaz de achar perfeição. Vejo que agora esse momento já deveria ter acontecida há muitas horas atrás. Presos ao tempo de velhice, ao tempo de juventude, ao tempo de crescer, ao tempo de cair, ao tempo de bater um tempo, ao tempo de juntar um tempo, preso ao tempo de sumir no tempo, preso ao tempo de humilhar. Preso ao tempo de...
São palavras jogadas ao ar por algum nada, eu não ver nada, mim perder tudo. Pronto quando estiver.
Um comentário:
êê irmão! vc não é nada, e nada é nada, até pq pra nada ser nada precisa existir um tudo, e q tudo é esse? o q determina o q é tudo e o q é nada?
se o fim foi a contra gosto seu, então lute pra ter um recomeço. afinal, já percebemos q tudo na vida precisa de esforço e determinação. ;)
não se sinta fracassado, levante e recomece.
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