sexta-feira, 9 de julho de 2010

O adeus do encovado

Ô pai, deixa assim, como está
Vivo de ausências e de me isolar
Como posso ser alguém?
Amar é a emancipação de outrem

Ô pai, vivo assim, como vai
Digo que sim, mas às vezes não sai
Entrego-me com paixão as tuas margens
Vejo lá do alto, no reflexo, a tua imagem

Ô pai, como pode me deixar assim?
Sereno, no escuro, sozinho nesse mundo
Ademais não consigo mais ver, outrossim,
Desculpas já não servem nesse comedimento

Igualmente só eu me perco nesse mar de solidão
Sem voltar e sem amar, eu me vejo tragado pelo mar
Digo adeus aos que não presenciam essa ingratidão
E na outra direção eu me encontro no aquém-mar

Agora entrego a essência da minha alma
Deixo levar toda a minha carência
Para ver se consigo me elevar a espírito
Para ver engrandecer minha vivência

Para sofrer menos nessa condolência
Um perigoso sentimento alheio
Que furto de outra alma perdida
Uma enorme vontade de sentir medo

Agora o adeus já não mais me pertence
Sigo para a luz da vida, ou só mais uma mentira
Uma palavra esquecida por quem merece
Até mais tarde, minha doce ilusão medida

Um comentário:

Vanessa M. Leão disse...

Amar é como ser tragado pelo mar.
Não amar é ingratidão para consigo mesmo.

E eu de nada sei. Só sei que adorei o poema! :D